Introdução

Vista do espaço (Por NASA em Unsplash.com)
"Um cidadão global é alguém que conhece e compreende o mundo em geral - e o seu lugar no mesmo. Assume um papel ativo na sua comunidade e trabalha com outros para tornar o nosso planeta mais pacífico, sustentável e mais justo" (OXFAM).
Atualmente, a facilidade de comunicar com pessoas de todos os lugares e continentes revelou as interdependências que existem globalmente e a forma como todos nós fazemos parte deste mundo global. Esta globalização permite uma maior proximidade com todos a vários níveis: cultural (meios de comunicação, telecomunicações, viagens, migração), económico (comércio internacional e finanças internacionais), ambiental (o planeta como um bem comum global) e político (relações internacionais e regulação de sistemas) (OXFAM). Apesar desta proximidade e facilidade na partilha de informações e recursos entre os diferentes países, as desigualdades são ainda muito evidentes.
Cerca de metade da população mundial vive com menos de 5,50 dólares por dia, enquanto que o 1% mais rico do mundo tem mais do dobro da riqueza de 6,9 mil milhões de pessoas (OXFAM, 2019). Através de um jogo de simulação, os estudantes tomarão consciência das desigualdades mundiais em termos de população e distribuição da riqueza por continente. Esta sessão visa também levar os estudantes a reconhecerem-se como cidadãos globais e sobre o seu papel no combate às desigualdades sociais.
Objetivos de Aprendizagem
- O estudante compreende as questões globais, e a interconetividade e interdependência de diferentes países e populações.
- O estudante é capaz de sensibilizar para a importância das parcerias globais para o desenvolvimento sustentável.
- O estudante é capaz de experimentar um sentimento de pertença a uma humanidade comum, partilhando valores e responsabilidades, com base nos direitos humanos.
- O estudante é capaz de se tornar um agente de mudança para realizar os ODS e assumir o seu papel como um cidadão ativo, crítico e global e sustentável
- Competência de colaboração
- Competência de pensamento crítico
- Competência de auto consciencialização
Instruções
Passo 1) Introdução (10 minutos)
- Introduza a sessão explicando o âmbito do projecto ou o processo educativo em questão. O ODS 17 refere-se a parcerias para os objetivos - mostre um pequeno vídeo para introduzir este ODS (Secção dos Recursos) e faça uma breve reflexão baseada no vídeo:
Todos os países partilham a responsabilidade de cumprir os objetivos do desenvolvimento sustentável, mas de uma forma diferente. O ODS 17 é um objetivo transversal da Agenda que reconhece a necessidade de estabelecer parcerias a vários níveis (setor privado, governo, sociedade civil, individual) e escalas (local, nacional e global) para contribuir para um mundo mais justo, sustentável e equitativo.
As desigualdades na distribuição dos recursos são um dos principais desafios em termos globais, que pode ser exacerbado pelo aumento da população mundial esperado nas próximas décadas.
Mas como é que a população e a riqueza do mundo estão distribuídas pelos diferentes continentes?
Passo 2) Jogo de simulação (15 minutos)
1 – População: Os estudantes representam a população mundial e têm de se distribuir proporcionalmente por região. O facilitador corrige no final, de acordo com a tabela em anexo.
Africa () América do Norte () América do Sul () Ásia e Oceania () Europa ()
2 - Disribuição do PIB: Existem x cadeiras e cada uma representa uma unidade de riqueza (PIB). As cadeiras são x (= população) porque no mundo há riqueza suficiente para todos. Os estudantes têm de se distribuir proporcionalmente de acordo com o que pensam que cada região tem. Finalmente, têm de "sentar-se" sobre elas, tirando os pés do chão (nenhuma cadeira deve estar vazia e nenhum participante deve ser deixado de fora das cadeiras). Corrige-se no final, de acordo com a tabela disponível na secção de recursos.
Africa () América do Norte () América do Sul () Ásia e Oceania () Europa ()
3 –Pedido ao Fundo Monetário Internacional (FMI): Por região, os participantes têm 5/10 minutos para prepararem uma apresentação de 2 minutos ao FMI pedindo dinheiro para o que entenderem que a região necessita.
O grupo de facilitadores atua como FMI (um dos facilitadores é o Presidente) e recebem os representantes de cada região, dando o tempo previamente definido. Améria do Norte (4 min) Ásia e Oceania (2 min) América do Sul (30 seg) África (1 seg) Europa (3 min)
É importante que, durante os discursos, o Presidente do FMI não permita o diálogo ou interrupções entre os participantes. (Comité do FMI: 2 ou 3 facilitadores)
Passo 3) Reflexão (15 minutos)
- O que sentiram?
- Foi uma situação estranha, surpreendente ou familiar?
- Alguém se sentiu desconfortável no seu continente? E o que sentiu em relação aos outros?
- Como podem reagir a estas desigualdades? O que é que podem fazer? Como podem contribuir para a mudança?
Passo 4) Trabalho de Grupo (25 minutos)
Distribua as pessoas em pequenos grupos (3/4 pessoas) e peça-lhes para responderem a cada pergunta num post-it em formato hashtag.
1 – Qual é a desigualdade no mundo que mais o perturba?
2 - Porque é que isto está a acontecer?
3 – Como tem contribuído para estas desigualdades?
4 - Como pretende intervir nestas desigualdades? Qual é o seu papel/local no mundo/ nesta realidade?
Os estudantes partilham os seus hashtags, explicando o porquê da sua resposta e colocando o post-it no quadro.
Passo 5) Conclusão (10 minutos)
Faça um resumo sobre cidadania global sobre os seguintes tópicos:
- Sensibilização para a desigualdade no mundo
- Como reajimos a estas desigualdades
- A nossa responsabilidade enquanto cidadãos globais
- CALL TO ACTION 1
Com base nas desigualdades que mais preocupam os estudantes, os grupos devem apresentar uma pequena proposta de atividade para implementarem e contribuirem para a redução dessa desigualdade. Nesta proposta devem incluir uma breve introdução, objetivos, descrição de tarefas, materiais, custos, onde e quando a atividade seria realizada. Alguns exemplos: uma campanha presencial ou online, uma recolha de alimentos, entre outros.
- CALL TO ACTION 2
Procure uma organização perto de si, que desenvolva trabalhos sobre Educação para o Desenvolvimento e Cidadania Global. Prepare uma entrevista para fazer a um representante da organização. Alguns exemplos: O que é a educação para o desenvolvimento e a cidadania global? Que projetos estão a implementar? Qual é o seu impacto? Como é que contribuem para reduzir as desigualdades? Promovem algum tipo de voluntariado? Que oportunidades de voluntariado têm? Faça um artigo de jornal ou um post baseado nesta entrevista e partilhe com os seus colegas.
Notas para Educadores
Tempo total estimado: 1 hora e 15 minutos + Call to Action
Preparação
- Esta actividade é possível de desenvolver com 5 a 40 estudantes
- Para esta atividade tem de haver pelo menos 2 facilitadores para o Comité do FMI
- O Comité do FMI deverá representar um papel de forma a evidenciar as desigualdades e preconceitos com os representantes dos diferentes países (por exemplo, pode tratar muito bem os representantes da Europa e da América do Norte e com mais desprezo os representantes de África e da América do Sul)
Variações
- Se houver apenas um facilitador disponível, em vez de submeter o pedido de financiamento ao FMI, os estudantes podem apenas partilhar as suas perceções sobre os diferentes desafios que cada continente enfrenta.
- Como alternativa às cadeiras e se o espaço for limitado, o facilitador pode escolher representar a riqueza com uma barra de chocolate, por exemplo. Neste caso, todos têm de comer chocolate porque há riqueza para todos (aqui, acontecerá que os continentes da América do Norte e da Europa terão muitos quadrados de chocolate para algumas pessoas e os continentes asiático e africano terão muito pouco chocolate para muitas pessoas).
Informação adicional
A cidadania global reconhece a complexidade das ligações e interdependências que exigem a nível global. Como tal, as escolhas e acões de todos os cidadãos têm repercussões a várias escalas (local, nacional e global).
A cidadania global promove o respeito, a solidariedade e a inclusão para todos e encoraja o pensamento profundo e crítico sobre questões de equidade, justiça e proteção ambiental.
De acordo com a OXFAM, um cidadão global é aquele que:
- está consciente do mundo em geral e tem um sentido do seu próprio papel como cidadão mundial
- respeita e valoriza a diversidade
- tem uma compreensão de como funciona o mundo
- está revoltado com a injustiça global
- participa na comunidade a vários níveis, desde o local ao global
- está disposto a agir para tornar o mundo um lugar mais equitativo e sustentável
- assume a responsabilidade pelas suas ações.
As interdependências que existem a nível global permitem a todos os cidadãos relacionarem-se social e culturalmente através dos meios de comunicação e telecomunicações e das viagens e migração; economicamente através do comércio internacional; ambientalmente, uma vez que não existem fronteiras administrativas para as questões ambientais; e politicamente através das relações internacionais entre países, tais como o estabelecimento de acordos internacionais como a Agenda 2030.
Fonte
- https://www.oxfam.org.uk/education/who-we-are/what-is-global-citizenship/
- https://www.worldbank.org/